16 dezembro 2009

BOAS FESTAS!!

Soneto de Natal
Um homem, — era aquela noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno, —
Ao relembrar os dias de pequeno,
E a viva dança, e a lépida cantiga,

Quis transportar ao verso doce e ameno
As sensações da sua idade antiga,
Naquela mesma velha noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno.

Escolheu o soneto . . . A folha branca
Pede-lhe a inspiração; mas, frouxa e manca,
A pena não acode ao gesto seu.

E, em vão lutando contra o metro adverso,
Só lhe saiu este pequeno verso:
"Mudaria o Natal ou mudei eu?"

Machado de Assis

12 outubro 2009

Eu não existo sem você

Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos
Me encaminham pra você

Assim como o oceano
Só é belo com luar
Assim como a canção
Só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem
Só acontece se chover
Assim como o poeta
Só é grande se sofrer
Assim como viver
Sem ter amor não é viver
Não há você sem mim
Eu não existo sem você

Vinícius de Moraes

01 setembro 2009

"No teu deserto"

"Às vezes, lá onde moro,
fico à noite a olhar as estrelas como as do deserto
e oiço o tempo a passar,
mas não me angustia mais:
eu sei que é justo e que tudo o resto é falso
."
Miguel Sousa Tavares in No Teu Deserto

18 agosto 2009

Para o meu pequenino Rodrigo

Pequenina
És pequenina e ris ... A boca breve
É um pequeno idílio cor-de-rosa ...
Haste de lírio frágil e mimosa!
Cofre de beijos feito sonho e neve!

Doce quimera que a nossa alma deve
Ao Céu que assim te faz tão graciosa!
Que nesta vida amarga e tormentosa
Te fez nascer como um perfume leve!

O ver o teu olhar faz bem à gente ...
E cheira e sabe, a nossa boca, a flores
Quando o teu nome diz, suavemente ...

Pequenina que a Mãe de Deus sonhou,
Que ela afaste de ti aquelas dores
Que fizeram de mim isto que sou!

Florbela Espanca, in "Livro de Mágoas"

14 julho 2009

Junto a mim

"Eu não sei se estiveste ausente.
Eu deito-me contigo, e levanto-me contigo.
Nos meus sonhos tu estás junto a mim.
Se estremecem os brincos das minhas orelhas
eu sei que és tu que te moves no meu coração."


México, Nahuas (Trad:José Agostinho Baptista)

19 junho 2009

A Festa da Vida


















Que venha o sol o vinho as flores
Marés canções todas as cores
Guerras esquecidas por amores;
Que venham já trazendo abraços
Vistam sorrisos de palhaços
Esqueçam tristezas e cansaços;
Que tragam todos os festejos
E ninguém se esqueça de beijos
Que tragam prendas de alegria
E a festa dure até ser dia;
Que não se privem nas despesas
Afastem todas as tristezas
Pão vinho e rosas sobre as mesas;
Que tragam cobertores ou mantas
O vinho escorra pelas gargantas
E a festa dure até às tantas;
Que venham todos de vontade
Sem se lembrarem de saudade
Venham os novos e os velhos
Mas que nenhum me dê conselhos!

José Carlos Calvário

05 junho 2009

Vem aí o 10 de Junho

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
muda-se o ser, muda-se a confiança;
todo o Mundo é composto de mudança,
tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
diferentes em tudo da esperança;
do mal ficam as mágoas na lembrança,
e do bem (se algum houve), as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
que já coberto foi de neve fria,
e, enfim, converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
outra mudança faz de mor espanto,
que não se muda já como soía.

Luís de Camões

29 maio 2009

1 de Junho - Dia Mundial da Criança

Diante de uma criança

Como fazer feliz meu filho?
Não há receitas para tal.
Todo o saber, todo o meu brilho
de vaidoso intelectual

Vacila ante a interrogação
gravada em mim, impressa no ar.
Bola, bombons, patinação
talvez bastem para encantar?
Imprevistas, fartas mesadas,
louvores, prêmios, complacências,
milhões de coisas desejadas,
concedidas sem reticências?

Liberdade alheia a limites,
perdão de erros, sem julgamento,
e dizer-lhe que estamos quites,
conforme a lei do esquecimento?

Submeter-se à sua vontade
sem ponderar, sem discutir?
Dar-lhe tudo aquilo que há
de entontecer um grão-vizir?

E se depois de tanto mimo
que o atraia, ele se sente
pobre, sem paz e sem arrimo,
alma vazia, amargamente?

Não é feliz. Mas que fazer
para consolo desta criança?
Como em seu íntimo acender
uma fagulha de confiança?

Eis que acode meu coração
e oferece, como uma flor,
a doçura desta lição:
dar a meu filho meu amor.

Pois o amor resgata a pobreza,
vence o tédio, ilumina o dia
e instaura em nossa natureza
a imperecível alegria.

Carlos Drummond de Andrade

Ainda na mesma linha de raciocínio no meu outro blog

18 maio 2009

Poema de José Ricardo Nunes

O TESTEMUNHO

Os aplausos e os gritos da turba descontrolada
sobrepõem-se às palavras que faziam corpo
comigo na solidão dos caminhos. As coisas
já não exigem as suas palavras.

Desculpem-me o desabafo.
E é tão deselegante, bem sei, chamar poetas
para aqui, ainda para mais os que ficaram
fechados em livros, no desamor do esquecimento.

De resto, revelei-me incapaz de passar despercebido –
eu que apenas sou mencionado
quando o atleta se descuida e falha a transmissão
ou me deixa cair a meio da corrida.
Mais forte do que eu, simples
tubo metálico de fabrico em série.

Já fui invólucro de ordens, notícias,
mensagens que se transformavam
em acontecimentos assim que eram destruídas.
Relegado de vez para o desporto,
passo agora vazio de mão em mão
pelas pistas dos estádios.


[in Versos Olímpicos, Deriva, 2009]

20 abril 2009

Sei um ninho

Sei um ninho.
E o ninho tem um ovo.
E o ovo, redondinho,
Tem lá dentro um passarinho
Novo.

Mas escusam de me atentar:
Nem o tiro, nem o ensino.
Quero ser um bom menino
E guardar
Este segredo comigo.
E ter depois um amigo
Que faça o pino
A voar...

"Miguel Torga"

18 março 2009

19 de Março, dia do PAI






















Ter um Pai! É ter na vida
Uma luz por entre escolhos;
É ter dois olhos no mundo
Que vêem pelos nossos olhos!

Ter um Pai! Um coração
Que apenas amor encerra,
É ver Deus, no mundo vil,
É ter os céus cá na terra!

Ter um Pai ! Nunca se perde
Aquela santa afeição,
Sempre a mesma, quer o filho
Seja um santo ou um ladrão ;

Talvez maior, sendo infame
O filho que é desprezado
Pelo mundo; pois um Pai
Perdoa ao mais desgraçado!

Ter um Pai! Um santo orgulho
Pró coração que lhe quer
Um orgulho que não cabe
Num coração de mulher!

Embora ele seja imenso
Vogando pelo ideal,
O coração que me deste
Ó Pai bondoso é leal!

Ter um Pai ! Doce poema
Dum sonho bendito e santo
Nestas letras pequeninas,
Astros dum céu todo encanto !

Ter um Pai! Os órfãozinhos
Não conhecem este amor!
Por mo fazer conhecer,
Bendito seja o Senhor!


FLORBELA ESPANCA

06 março 2009

Poema para o 8 de Março




Alma de Mulher

Nada mais contraditório do que ser mulher...

Mulher que pensa com o coração,
age pela emoção e vence pelo amor.
Que vive milhões de emoções nun só dia
e transmite cada uma delas num único olhar.

Que cobra de si a perfeição e vive
arrumando desculpas para os erros,daqueles a quem ama.
Que hospeda no ventre outras almas, dá à luz
e depois fica cega, diante da beleza dos filhos que gera.

Que dá as asas, ensina a voar, mas que não quer ver partir
os pássaros, mesmo sabendo que eles não lhe pertencem.
Que se enfeita toda e perfuma o leito, ainda
que seu amor nem perceba mais tais detalhes.

Que como numa mágica transforma
em luz e sorriso as dores que sente na alma,
só pra ninguém notar.
E ainda tem que ser forte para dar os ombros
pra quem neles precise chorar.

Feliz do homem que por um dia souber,
entender a Alma da Mulher!!!

Lucinete Vieira

18 fevereiro 2009

Tudo sobre vampiros vegetarianos...

...nos livros de Stephenie Meyer.

17 fevereiro 2009

Eterno

E como ficou chato ser moderno.

Agora serei eterno.

Eterno! Eterno!

O Padre Eterno,

a vida eterna,

o fogo eterno.


(Le silence éternel de ces espaces infinis m'effraie.)


—O que é eterno, Yayá Lindinha?

— Ingrato! é o amor que te tenho.


Eternalidade eternite eternaltivamente

eternuávamos

eternissíssimo

A cada instante se criam novas categorias do eterno.

Eterna é a flor que se fana

se soube floriré o menino recém-nascido

antes que lhe dêem nome e lhe comuniquem o sentimento do efêmero

é o gesto de enlaçar e beijar

na visita do amor às almas

eterno é tudo aquilo que vive uma fração de segundo

mas com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma

[força o resgata

é minha mãe em mim que a estou pensando

de tanto que a perdi de não pensá-la

é o que se pensa em nós se estamos loucos

é tudo que passou, porque passou

é tudo que não passa, pois não houve

eternas as palavras, eternos os pensamentos; e

[passageiras as obras.

Eterno, mas até quando? é esse marulho em nós de um

[mar profundo.

Naufragamos sem praia; e na solidão dos botos

[afundamos.

É tentação a vertigem; e também a pirueta dos ébrios.

Eternos! Eternos, miseravelmente.

O relógio no pulso é nosso confidente.


Mas eu não quero ser senão eterno.

Que os séculos apodreçam e não reste mais do que uma

[essência

ou nem isso.

E que eu desapareça mas fique este chão varrido onde

[pousou uma sombra

e que não fique o chão nem fique a sombra

mas que a precisão urgente de ser eterno bóie como uma

[esponja no caose

entre oceanos de nada

gere um ritmo.


Carlos Drummond de Andrade
In Fazendeiro do Ar
José Olympio, 1954

13 fevereiro 2009

São Valentim

O Dia dos Namorados, tratado em muitos países como Dia de São Valentim, é uma data comemorativa na qual se celebra a união amorosa entre casais, quando é comum a troca de cartões com mensagens românticas e presentes com simbolismo de mesmo intuito, tais como as tradicionais caixas de bombons em formato de coração, ou mesmo um diamante em forma de coração. Entre casais, sejam eles namorados, casados ou amantizados. Portanto, meninas e meninos toca atratar muito bem as vossas paixões, fantasias, amizades coloridas e até as obrigações.
Um Feliz Dia.

Exposição de Fotografia "PRAGA"


Capital da República Checa, Praga, é também conhecida como "cidade das 100 cúpulas", tendo um extenso património arquitectónico. Através da cidade, temos o rio Vltava num curso sinuoso, cheio de belas e antigas pontes. Paraga é considerada um dos grandes centros culturais da Europa, ligado a nomes como o escritor Franz Kafka.